quarta-feira, 15 de outubro de 2008

PEQUENO ATROPELAMENTO

Eu nunca tinha visto um atropelamento ao vivo; só na TV, naqueles filmes ou então programas de curiosidades e os policiais. Vi Domingo (24). Ia à Escola Dominical no Córrego da Areia, Recife. É uma rua movimentada, dessas que não param nunca.
Pois bem. O menino vinha no mesmo lado em que eu estava, só que eu ia subindo, e eu, descendo. De repente, sem quê nem pra quê, o pirralho atravessa na frente de uma moto que ia subindo. Não estava correndo, felizmente. A pancada foi devagar. Apenas derrubou o menino no chão, sem muita gravidade. Por sorte ele estava com seus pais e seus irmãos. O pai não fez nada com ele, pois viu que o motoqueiro estava certo. Ainda bem. Já pensou se ele é um cara violento, desses que não pode nem ver que alguém está olhando para ele e quer logo brigar, meter bala? Sairia uma morte, com certeza. O pai do menino apenas mandou que ele seguisse em paz. Ele foi. O menino lá seus seis anos, no máximo. Franzino, coitado. Não sei como ele agüentou a pancada, mesmo não sendo tão violenta.
Como sempre, juntou-se aquela pequena multidão em torno dele, do menino. Esses curiosos não um problema; não fazem nada, mas ficam ali, como urubus em torno de uma carniça, ou formigas em torno do açúcar. Parece que o bichinho quebrou a perna, mas não foi nada grave. Espero que isso não estrague nem o Natal, nem o Ano Novo dele.
Tenho notado que os finais de ano estão muito violentos, ultimamente. As pessoas estão muito estressadas. Por qualquer coisa querem brigar, esculhambar todo mundo. É uma loucura. Notei também que quanto mais o mundo se moderniza, maior é a maldade no coração do homem. Se por um lado traz coisas boas, por outro, prejudica bastante. “A mão que afaga é a mesma que apedreja”, como diria Augusto dos Anjos, grande poeta paraibano. Enquanto outros ficam muito sentimentais, querendo ajudar todo mundo, há indivíduos que mantêm maus durante todo o ano. Não há sentimentos que possam superar as maldades deles. Só a graça.
Seria muito bom que esses sentimentos perdurassem por muito tempo, não só nessa época. Mas fazer o quê? O homem é mau desde o começo. A única maneira é apelar para a paz de Deus, a única realmente que perdura. Ela, sim, excede todo o entendimento.
Eu fico um pouco triste com esses finais de ano. Sim, porque logo quando terminam, acaba a ilusão da bondade. Volta-se então à dura realidade, à frieza inerente à natureza humana.
Que esse menino possa ser mais sentimental que eu (não que eu seja um rude de carteirinha, é só decepção). Ao mesmo tempo sou invadido pelo sentimento de fraternidade, pois meu coração não e de ferro, mas de carne. Alegro-me que em Cristo sou muito feliz, só nele.

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